há 4 anos

Dessecação pré-colheita do trigo apresenta vantagens, mas exige alguns cuidados

Dessecação pré-colheita do trigo apresenta vantagens, mas exige alguns cuidados

Prática bastante comum e utilizada por muitos produtores, a dessecação pré-colheita do trigo consiste na utilização de um herbicida para acelerar o processo de secagem das plantas. Essa antecipação da colheita, conforme explica o engenheiro agrônomo Lucas Bonamigo, associado da Unitec, apresenta a vantagem de acelerar a colheita do cereal, diminuindo sua exposição às intempéries climáticas e também permite antecipar a implantação da cultura da soja na lavoura.

O profissional revela que a prática ainda facilita o processo de colheita do trigo por promover uniformização da lavoura. “Geralmente os produtores utilizam esta técnica buscando antecipar em alguns dias a colheita, uniformizar a lavoura e controlar plantas daninhas. Por exemplo, em casos onde há presença de buva (Conyza bonariensis) na lavoura, a planta daninha seria cortada no processo de colheita e posteriormente voltaria a ser um problema na cultura da soja. E a prática de dessecação do trigo faz com que essas plantas daninhas sejam controladas.”

Bonamigo destaca que é essencial acertar o momento de aplicação do herbicida, pois caso seja aplicado prematuramente, os grãos perderão qualidade, peso e poder germinativo. Segundo ele, o ponto de aplicação do herbicida é quando os grãos apresentam cor dourada para marrom, com textura pastosa dura. “O fato de ser essencial acertar o momento de dessecação torna perigosa a prática de dessecar a lavoura, podendo gerar perda de produtividade maior do que os benefícios obtidos”, acrescenta.

De acordo com o engenheiro agrônomo, atualmente somente produtos que utilizam o princípio ativo Glufosinato de Amônio apresentam registro para dessecação de trigo. “Para obter o registro que permite sua utilização, foi comprovado que a prática realizada com este produto não deixa resíduos químicos nocivos à saúde. No passado, herbicidas que utilizavam o princípio ativo Paraquate eram utilizados com grande eficiência nesta prática. Entretanto, estudos levaram à proibição da prática com este herbicida, que posteriormente foi retirado do mercado.”

Sobre a possibilidade de a prática interferir na qualidade do trigo ou oferecer algum malefício para quem irá consumir o grão posteriormente, Bonamigo esclarece que a dessecação pode afetar a qualidade industrial do trigo quando realizada precocemente, devido a parada brusca na maturação da cultura antes dos grãos estarem maduros.

“Caso a dessecação seja realizada com produtos não recomendados, o produto utilizado pode deixar resíduos químicos nos grãos, afetando, assim, a qualidade dos produtos finais e apresentando potencial risco à saúde dos consumidores”, comenta.

O profissional conclui que a dessecação da cultura do trigo é uma prática bastante técnica, que requer análise da situação da lavoura em questão, da organização dos manejos culturais da propriedade e produto específico para este fim. “Consulte sempre um engenheiro agrônomo ou técnico agrícola para indicar a necessidade e orientar sobre esta prática.”

Bonamigo é engenheiro agrônomo formado pela Sociedade Educacional Três de Maio (Setrem) e associado da Unitec. Três-maiense e atualmente residindo em Júlio de Castilhos, é produtor rural e atua como consultor técnico nas culturas de grãos e pastagens.
 

Texto: Assessoria de comunicação Unitec
Jaqueline Peripolli / Jornalista MTE 16.999
Fotos: Divulgação


há 4 anos

Preservando a produção e a qualidade do leite

Preservando a produção e a qualidade do leite

Os produtores de leite já conhecem as consequências que os dias mais quentes provocam no rebanho leiteiro e, consequentemente, na produção e na qualidade do leite produzido.

Aliás, existem várias características influenciadoras que favorecem a queda da qualidade do leite no período da primavera/verão. A afirmação é do médico veterinário Orlando Luiz Maciel Bohrer, associado da Unitec.

O profissional explica que os períodos mais quentes começam na primavera, em setembro, aumentando até o pico no verão, em dezembro e janeiro, e desfavorecem a produção e a qualidade do leite, especialmente porque se tem, nos rebanhos, a predominância de das raças Jersey e Holandesa, que são, por origem, descendentes de climas temperados a frio, características que não se perderam.

Bohrer destaca que, nesta época, há muitas vacas paridas do outono/inverno, aumentando o número de vacas em produção e que logo estarão com a lactação adiantada e no verão em fim de lactação.

“Devido a isso, neste período, há uma tendência de as vacas perderem o conforto, se alimentarem menos, ingerirem mais água para perder calor e buscarem mais a sombra. Temos, portanto, uma situação estressante para os animais. Ao ingerirem menos alimentos, elas estão sujeitas à quedas de resistência orgânica e aumento de enfermidades, somando a isso a queda na produção de gordura e proteína.”

O associado da Unitec acrescenta que este período mais quente também favorece as infecções bacterianas, principalmente se ocorrerem chuvas frequentes e as vacas em lactação permanecerem em locais úmidos, sujos e contaminados.

“Ainda, há fatores que desfavorecem a qualidade do leite no que diz respeito à higiene da ordenha, a limpeza de úbere mal feita e as práticas mal conduzidas, como a má limpeza e desinfecção da ordenhadeira, em especial as teteiras (insufladores) velhas e vencidas, que acumulam sujeiras e favorecem o aumento das mamites subclínicas e clínicas, aumentando as células somáticas e, por consequência, descontos no preço do leite e infecções que requerem descarte de leite e custos de tratamento. São situações de extremo prejuízo para a propriedade rural”, enfatiza.

O que o produtor pode fazer para amenizar os problemas decorrentes dos fatores adversos?
A fim do produtor se preservar quanto às perdas no período, o médico veterinário ressalta que, em primeiro lugar, não se pode descuidar do conforto dos animais, em especial das vacas em lactação, que são o carro-chefe da renda da propriedade.

“É importante identificar as melhores opções para conforto, como sombra e água disponível sempre perto, alimentação em pastoreio ou em cochos, de forma que favoreça a vaca e a diminuição do estresse, como pastoreio à noite e alimentação em cochos durante o dia na sombra. Além disso, direcionamento em locais de pousio limpos e secos, que favoreçam a higiene do úbere, e a não contaminação por ‘sugidades’, como lama, esterco e os locais úmidos, são fundamentais”, explica.

Ele também esclarece que é fundamental nunca abrir mão de rações e minerais de qualidade. “Isso é resistência orgânica, defesa, assim como pastagens e silagens de qualidade, ou seja, sem fungos e bolores. Estabelecer imediatamente higiene impecável do úbere e a desinfecção dos tetos pré e pós ordenha eficiente e limpeza da ordenhadeira com produtos de qualidade e teteiras novas, de maneira a ter uma eficiente ordenha, é fundamental.”

Bohrer diz, ainda, que é necessário fazer o CMT (Califórnia Mastite Teste), periodicamente, para identificar vacas com possíveis mastites subclínicas. “Este teste avalia células somáticas, não as conta, mas é importantíssimo para identificar possíveis agressões do úbere por contaminação bacteriana.”

O profissional também recomenda a avaliação das vacas em adiantada lactação, com elevada Contagem de Células Somáticas (CCS) e passíveis de secagem. “Aconselho utilizar produtos de qualidade para a limpeza da ordenhadeira e higiene do úbere e manejo geral, de maneira a ter menos de 100 mil de Contagem Bacteriana Total (CBT) e menos de 300 mil de Contagem de Células Somáticas (CCS), e, com isso, ganhar premiação por qualidade. O produtor necessita fazer a manutenção da ordenhadeira para evitar falhas na retirada do leite e contaminações do úbere das vacas”, finaliza.

Associado da Unitec há 22 anos, Orlando é médico veterinário, pós-graduado em Sanidade Animal e Educação Ambiental e especialista em Nutrição de Ruminantes. Atuou profissionalmente durante 15 anos em cooperativas de produção nas áreas de bovinocultura de leite e de corte. Também atuou como professor na Unijuí, por três anos, e como profissional autônomo nos últimos 27 anos no Senar-RS e na assistência a propriedades rurais leiteiras e de corte no Estado do Rio Grande do Sul.
 

Texto: Assessoria de comunicação Unitec
Jaqueline Peripolli / Jornalista MTE 16.999
Foto: Divulgação


há 4 anos

Curso Técnico em Cooperativismo da UFSM está com inscrições abertas

Curso Técnico em Cooperativismo da UFSM está com inscrições abertas

O Curso Técnico em Cooperativismo do Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - Polo Silveira Martins, na modalidade EaD, está com as inscrições abertas.

O curso tem duração de três semestres letivos, é totalmente à distância e gratuito. A escolaridade exigida é Ensino Médio concluído ou equivalente.

As inscrições seguem até 4 de outubro e a seleção ocorrerá por meio de sorteio público, no dia 8 de outubro, para preenchimento de 60 vagas. O início das aulas será em outubro.

Para conferir o edital e obter mais informações, basta acessar o link https://www.ufsm.br/pro-reitorias/prograd/editais/060-2021/.
 

Texto: Assessoria de comunicação Unitec
Jaqueline Peripolli / Jornalista MTE 16.999
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há 4 anos

Hortas domésticas: alimentação nutritiva e saudável, com procedência e economia

Hortas domésticas: alimentação nutritiva e saudável, com procedência e economia

Constituir hortas e produzir hortaliças em pequenos espaços é uma alternativa para a agricultura em áreas urbanas que tem se tornado cada vez mais comum. Os motivos são os mais variados, desde poder produzir alimentos frescos, mais saudáveis, sem agrotóxicos e com procedência conhecida, além de ser uma forma de fazer economia.

A informação é da engenheira agrônoma Juceli Regina Boschetti, associada da Unitec. A profissional explica que a economia está relacionada a curto e longo prazo. “No curto prazo seria o fato de estar plantando por meio de mudas adquiridas com menor custo e podendo colher a qualquer tempo quando pronta para o consumo, sabendo que todos os nutrientes e vitaminas estão prontos para agir em você. Imagine você morando sozinho e consumindo seis folhas de alface por dia, mas não todos os dias. Então, caso você não planta, irá comprar um pé de alface em que irá retirar as seis folhas até consumir a última folha, que possivelmente não terá mais nutrientes.”

Já a longo prazo, a economia estará associada à sua saúde: menos problemas, menos farmácia e mais vida. “Se olharmos para a cesta básica de alimentação do brasileiro, não encontramos hortaliças e nem frutas, ou seja, acaba sendo uma alimentação de carboidratos. É preciso reverter essa forma de alimentação para todos terem mais saúde. A partir daí é que estará nossa maior economia”, destaca.

Cuidados básicos para produzir hortaliças em casa
A engenheira agrônoma esclarece que se deve ter alguns cuidados básicos para produzir hortaliças em casa, atendendo critérios. Um deles é o local, que deverá ter uma boa luminosidade, radiação solar voltada para o nascer do sol, com temperaturas acima de 20ºC e abaixo de 32ºC. Este local deverá será bem arejado e com fácil acesso à água para irrigar diariamente as plantas, sem provocar encharcamento.

Quanto ao solo (terra), deverá ser preparado algum tempo antes com terra preta, mais húmus de minhoca ou material decomposto. Após vem a escolha mudas sadias ou sementes com data de validade válida. E, não menos importante, ter vontade e gostar de fazer.

Hortas domésticas e a qualidade na alimentação
Atualmente, muito tem se falado sobre qualidade da alimentação. Neste sentido, as hortas domésticas podem contribuir. Juceli explica que as hortas alimentam de duas formas. A primeira forma de alimentar é o corpo nos saciando a nossa matéria, e a outra forma é o mental, uma forma coadjuvante de prevenir o estresse cotidiano, quando interagimos com a natureza.

“Quando temos hortas domésticas, teremos alimentos frescos, colhidos na hora, sem agrotóxicos, e uma vida mais saudável. Saber a procedência e dizer que ‘fui eu quem plantei’ é imensurável”, afirma Juceli.

Segundo ela, os alimentos poder ser classificados de várias formas. A mais simples é a que os separa em três grandes grupos de acordo com a principal função no organismo. “Eles podem ser energéticos, como pão, arroz, mandioca; podem ser construtores, como as carnes, ovos, peixe e leite; e reguladores, que servem para o bom funcionamento do organismo, crescimento e a prevenção de doenças - sendo este o grupo das hortaliças e frutas.”

Juceli elucida que as hortaliças são pobres em calorias e ricas em água, fibras, vitaminas, minerais e fotoquímicos, substâncias bioativas que auxiliam na redução do risco de doenças como o câncer e doenças do coração. Por isso, é recomendada a ingestão de três porções diárias de hortaliças ou frutas.

É possível cultivar hortaliças sem agrotóxicos?
A resposta é sim! Conforme Juceli, as hortaliças têm um ciclo curto de produção. Se o local for adequado, se o solo for bem nutrido, tiver água de qualidade disponível, sem excessos, e uma boa luminosidade, a planta estará em equilíbrio e dificilmente haverá pragas e doenças. 

“Mas, se tiver algum ataque de doenças ou pragas, podem ser usados produtos orgânicos para minimizar os danos. As hortaliças só terão pragas ou doenças se a planta estiver em desequilíbrio com o meio em que ela sem encontra, como falta ou excesso de nutrientes e de água”, adverte.

Horta vertical: opção para quem mora em apartamento
Para quem mora em apartamento, também é possível ter uma horta doméstica, também chamada de horta vertical. Existem diversas maneiras de cultivar uma horta vertical, sendo muito mais simples do que se imagina.

A associada da Unitec revela que para ter um sucesso neste projeto é preciso um pouco de planejamento, como a escolha do local (varanda ou janelas) e dos vasos que serão usados.

Primeiramente, busque pelos raios de sol: escolha um lugar para a horta no apartamento que tenha a incidência de sol por pelo menos quatro horas por dia. A maioria das hortaliças plantadas em hortas necessita desse tempo.

Depois, escolha os vasos: o ideal são os vasos com furos para que escorram a água irrigada. A profundidade do vaso também é importante para que as raízes tenham espaço para crescer. Vasos de 15 a 20 centímetros de profundidade permitem o plantio de quase todos os tipos de hortaliças folhosas, condimentares e aromáticas.

É hora de colocar a terra: isso influenciará muito na qualidade do que irá se colher porque as plantas precisam de uma base rica em nutrientes para crescerem bem. O solo deverá recriar as condições próximas do ecossistema original da planta e como serão utilizadas mudas de hortaliças com ciclo de vida curto, os nutrientes se tornam muito necessários. A terra também deverá ser aerada, com boa concentração de matéria orgânica para permitir a entrada de oxigênio e conservar uma boa umidade.

Na sequência, vêm as sementes ou brotos: para iniciantes e os que buscam resultados mais rápidos, o ideal é começar adquirindo mudas. Algumas hortaliças, como nabo e cenoura, não se adaptam a essa opção, mas outras como alface, temperos verdes, tomates e pimentão, sim. Existem alguns cuidados na hora de plantar as mudas, principalmente o de não danificar suas raízes. Abra buracos grandes o suficiente na terra no momento de colocar as mudas, e em seguida pressione um pouco o substrato que se encontra ao redor da planta e regue com água.

Água é fundamental: a rega deverá ser diária, mas varia quanto ao tipo da hortaliça, pois nem todas pedem a mesma quantidade de água ou o mesmo tipo de rega. Em alguns casos as raízes devem ser molhadas, em outros apenas as folhas. Outro ponto a levar em consideração é a época do ano e região do país em que se mora. Pois, de acordo com os níveis de umidade e temperatura do ambiente, as plantas precisam de mais ou menos água. O ideal é que a rega da horta no apartamento aconteça no início da manhã ou fim da tarde para que a água não evapore por conta do calor do dia, e às vezes necessita tanto de manhã como no fim da tarde.

Juceli explica que, para pequenas hortas verticais, não há necessidade se ater ao calendário agrícola, pois o ciclo das hortaliças é curto. O mais importante é levar em consideração a variedade. Por exemplo, neste momento, considerar variedades de alface de verão, como Alface Americana Lucy Brown, Alface Americana Delicia, Alface Mimosa Brava e Alface Crespa Hortência.

“Geralmente, nos pequenos espaços, queremos hortaliças que se consomem diariamente, como temperos verdes (salsa, cebolinha, coentro), algumas variedades de alface, acelga, chicória, rúcula, couve folha, alecrim, poejo, hortelã, erva cidreira, manjericão e alfavaca, e as hortaliças de fruto, como pimentão, tomate e pimentas. Já as hortaliças de raízes e tubérculos não são recomendadas para plantio em pequenos espaços”, finaliza.

Associada da Unitec há 15 anos, Juceli é especialista em Auditoria, Perícia e Gestão Ambiental e cursa MBA em Gestão de Pessoas e Liderança. Atualmente, efetua atividades relacionadas ao meio ambiente, realizando projetos para licenciamento ambiental, perícias ambientais e agronômicas, é instrutora na área de hortaliças convencionais básico, produção, construção e manejo de estufas de hortaliças e saneamento básico rural, e é estudiosa em Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) e plantas medicinais.
 

Texto: Assessoria de comunicação Unitec
Jaqueline Peripolli / Jornalista MTE 16.999
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Confira Live Unitec Responde sobre horta em pequenos espaços!

 


há 4 anos

Tuberculose e brucelose: por que é importante controlá-las?

Tuberculose e brucelose: por que é importante controlá-las?

Devido ao impacto econômico e a gravidade das doenças para a saúde pública, o controle e erradicação da tuberculose e da brucelose é de extrema importância.

A médica veterinária Cleusa Regina Billig Vizzotto, associada da Unitec, atua diretamente com rebanhos bovinos e, consequentemente, no combate a estas doenças.

Sintomas da tuberculose não são perceptíveis aos produtores, pois seu aparecimento é lento
Ela explica que a tuberculose bovina é uma doença causada pela bactéria Mycobacterium bovis, que afeta, principalmente, bovinos e búfalos. “Esta zoonose - doença que pode ser transmitida de animais para humanos - é de evolução lenta, em contraste com a tuberculose humana, cujo agente M. tuberculosis é patogênico para o homem, mas não para os bovinos, caracterizada pelo desenvolvimento de lesões nodulares (caroços) que podem ser localizadas em qualquer órgão do animal.”

Esta doença se torna crônica nos animais e é transmissível para o homem, segundo a profissional. Nos bovinos, a doença causa lesões em diversos órgãos e tecidos, como pulmões, fígado, baço e até nas carcaças, podendo ser encontradas também lesões no úbere das vacas. “Dependendo da fase da infecção, os animais podem exibir emagrecimento acentuado e tosse, mas, muitas vezes, as alterações da tuberculose não são perceptíveis aos produtores, pois o aparecimento de sintomas é lento, podendo levar meses.”

Cleusa diz que a doença era muito comum antes da invenção da pasteurização, mas diversos queijos ainda são feitos apenas com leite não pasteurizado e podem ser fontes de contágio, ou pela ingestão de carne e seus derivados mal cozidos e convivência com animais contaminados.

Os animais se contaminam principalmente pela respiração, através do contato direto ou indireto com animais doentes. A transmissão também pode se dar pela ingestão de pastagens, água e alimentos contaminados, principalmente o leite.

Já a brucelose bovina é uma doença infecciosa crônica que atinge os bovinos e se manifesta principalmente por abortos no terço final da gestação e nascimento de bezerros fracos, além de ser uma zoonose também causada por uma bactéria, a Brucella abortus.

Um dos principais fatores de risco para a introdução da brucelose em um rebanho livre é a aquisição de animais sem teste negativo para a doença, principalmente aquisição de machos para reprodução. 

Zoonoses causam grande impacto
Sobre o impacto econômico e a gravidade dessas doenças para a saúde pública, Cleusa explica que, no Brasil, calcula-se que por volta de 1,3% do rebanho bovino nacional esteja infectado por M. bovis. Na maioria dos animais infectados, a doença tuberculose é subclínica, mas pode levar a perda de 10-25% da produção, em carne ou leite.

“Quando não se dá a devida importância ao diagnóstico, a doença se torna crônica e sem sinais clínicos alarmantes, mas provoca queda no ganho de peso, diminuição na produção de leite, descarte precoce de animais, eliminação de animais de alto valor zootécnico, condenação de carcaças no frigorífico, morte de animais na propriedade e, até, perda de credibilidade da unidade de criação (propriedade).” Além disso, pode causar enfermidades nos humanos que consomem leite, carne e subprodutos de animais contaminados.

Quanto às perdas que ocorrem pela infecção por B. abortus, Cleusa ressalta que estão relacionadas à baixa eficiência reprodutiva dos animais, com consequente diminuição da produção do rebanho. A ocorrência de abortos provoca um aumento no intervalo entre partos o que ocasiona à diminuição da produção de leite.

A contaminação do homem, pela brucelose, ocorre pelo contato de mucosas ou de soluções de continuidade com o agente. Nos grupos ocupacionais de maior risco (veterinários e peões), isto ocorre durante manipulações de material de aborto ou parto e de carcaças de animais infectados ou materiais de trabalho contaminados. Outras fontes de contaminação para a população em geral é a ingestão de leite cru ou produtos lácteos preparados com leite cru e carne crua, mal assada ou mal cozida contaminadas.

Diagnóstico e prevenção
De acordo com a profissional, a tuberculinização é o teste padrão para a descoberta da tuberculose em bovinos e bubalinos e apresenta como vantagens a alta eficiência dos testes padronizados, a capacidade de detectar infecções recentes (3-8 semanas) e a simplicidade de sua execução. As desvantagens são a possibilidade de reações inespecíficas, a ocorrência de animais anérgicos (não apresentam resposta ao teste), o período de intervalo mínimo entre testes (60 dias) e a exigência de duas visitas à propriedade (dia do teste e dia da leitura-72 horas após inoculação da tuberculina).

Não há vacina nem tratamento viável para a tuberculose bovina. Portanto, é de extrema importância que o produtor leiteiro tenha um manejo sanitário preventivo.

Para detectar a brucelose pode ser feito um teste com soro de bovinos. A detecção de anticorpos no soro ou leite é o meio mais rápido, barato e menos laborioso de diagnóstico e é um indicativo confiável de resposta à exposição a B. abortus.

A brucelose pode ser prevenida por meio da vacinação de fêmeas entre 3 e 8 meses de idade, com a vacina B19. Caso o animal passe dessa idade e não receba a vacina, pode ser utilizada a vacina RB51 em fêmeas bovinas de 3 até 24 meses. Todas as fêmeas vacinadas devem ser marcadas no lado esquerdo da cara.

Animais com as zoonoses devem ser abatidos e/ou sacrificados
A veterinária destaca que, em relação ao agronegócio, o controle e a erradicação da tuberculose bovina são justificados pelo impacto negativo da doença na produtividade pecuária e pela necessidade de se manter o comércio de carne e produtos de origem animal com outros países.

Entretanto, existe uma resistência dos proprietários em aderirem ao sistema ‘teste e abate’, sobretudo em situações de alta prevalência, e pela falta de uma política vantajosa de ressarcimento financeiro aos produtores. “Todavia, com a erradicação da tuberculose bovina, os ganhos com agregação de valor ao produto nacional e ao aumento nas exportações dos produtos de origem animal, podem tornar essa política, em longo prazo, viável economicamente”, acrescenta.

Cleusa afirma que, em uma propriedade com animais positivos, deve-se proceder com esclarecimentos sobre a doença, planejamento de combate, destinação dos animais reagentes, isolamento, desinfecção de instalações, observação de animais não reagentes, intervalo entre tuberculinizações, exame de saúde das pessoas envolvidas no processo e observação de outros animais da propriedade.

“Quando detectada a tuberculose ou brucelose, o médico veterinário habilitado precisa fazer a marcação dos animais positivos e notificar à defesa sanitária e os mesmos devem ser abatidos e/ou sacrificados no período de até 30 dias. O recomendado é que esses animais sejam encaminhados para abate sanitário em locais que possuam serviço de inspeção de carcaças. Se esta opção for inviável, eles podem ser sacrificados na propriedade, devendo ser assistido/ acompanhado pelo serviço oficial de defesa sanitária animal. Igualmente, animais positivos para brucelose, também devem ser sacrificados. E os trâmites são os mesmos para ambas as enfermidades”, esclarece Cleusa.

Programas públicos visam diminuir a incidência das enfermidades
Em vigor desde 2001, o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose (PNCEBT) tem como proposta diminuir a prevalência e a incidência dessa enfermidade, atingindo um número significativo de propriedades certificadas como livres da doença. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pode indenizar o produtor em até 25% do valor de avaliação de um animal positivo. Mas, para isso, devem ser preenchidos requisitos pré-estabelecidos.

Segundo Cleusa, existe no Rio Grande do Sul um programa de indenizações aos produtores rurais, chamado Fundesa, que funciona da seguinte forma: todos os produtores que emitem nota fiscal de venda de animais ou seus subprodutos para a indústria têm retidos um percentual para o fundo indenizatório, que servirá para auxiliar produtores em emergências sanitárias, previstas em legislação, nos seus rebanhos, e relacionadas a enfermidades previstas em seu estatuto, sendo que tuberculose e brucelose fazem parte desse rol.

O desconto do Fundesa no caso dos bovinos e bubalinos, por exemplo, é de R$ 1,0720 por cabeça abatida, sendo que metade é paga pelo produtor e a outra metade pela agroindústria. Já no caso da produção leiteira, o valor é de R$ 0,00126 por litro ou R$ 0,6300 por lote de 500 litros. Esses valores são validados todo início de ano e o valor de indenização varia conforme avaliação.

Saneamento oportuniza a reestruturação sanitária da propriedade
As medidas de erradicação da brucelose e da tuberculose das propriedades visam não somente a saúde dos animais, como a saúde do produtor. Neste sentido, Cleusa destaca que é preciso sempre levar em conta que se procura proteger o humano da contaminação por uma dessas enfermidades ou zoonoses. “O saneamento, mesmo parecendo prejudicial economicamente, é capaz de proporcionar mudanças, oportunizando a reestruturação sanitária de uma propriedade, provocando elevação nos níveis de receitas, podendo torná-las positivas e concretas, para a propriedade ou empresa rural.”

Cleusa, que é associada da Unitec há nove anos, presta serviços para a Cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa. “Inúmeras organizações, especialmente cooperativas, estão estimulando que seus associados, produtores de leite, realizem testes de tuberculose e brucelose em seus rebanhos, por meio do pagamento de bônus por litro de leite produzido por vacas testadas e negativadas. A Cooperativa Santa Clara, seguindo esse caminho e no intuito de agregar valor ao produto antes da industrialização, também faz com que seus cooperados produtores realizem testes em seus animais de produção. E as cooperativas e algumas empresas, inclusive, pagam total ou parcialmente os testes.”

Nas propriedades onde realiza atendimento, a maioria de pequeno porte, Cleusa diz que, felizmente, não é comum o aparecimento de animais positivos nos testes. “O percentual de animais positivos é pequeno. O fato de estarmos testando rebanhos nessa região, há 10 anos, faz com que diminua a incidência das doenças, pois esses testes periódicos servem para controlar o aparecimento das enfermidades. Mas atendo uma grande propriedade leiteira onde já tivemos que eliminar 135 animais com tuberculose”, finaliza.
 

Texto: Assessoria de comunicação Unitec
Jaqueline Peripolli / Jornalista MTE 16.999
Foto: Divulgação