A criação de peças do vestuário é, ao mesmo tempo, arte e técnica: envolve criatividade, sensibilidade e também precisão. A afirmação é da instrutora do Senar-RS Astrid Gohlke Balz, associada da Unitec. Ela conta que, nos cursos que ministra, trabalha o processo de criação de peças desde o início, passando pela modelagem, corte e confecção.

Astrid é instrutora há dois anos e está credenciada a ministrar cursos de artesanato: Bordados à Mão, Confecção Básica do Vestuário Feminino, Confecção Básica do Vestuário Masculino, Introdução à Costura e Transformação das Peças do Vestuário e Patchwork.

A profissional detalha que o processo começa com a escolha do modelo, momento em que cada participante pode expressar sua identidade e estilo. Em seguida, passa-se à modelagem, etapa essencial para transformar a ideia em formas que se ajustam ao corpo, respeitando medidas e proporções. 

O corte do tecido, segundo ela, exige atenção e técnica, pois é nele que o molde ganha vida e se prepara para ser costurado. Na sequência, vem a costura propriamente dita, onde cada ponto une partes e constrói a peça, exigindo dedicação, paciência, técnica e prática.

“Durante o curso, o aprendizado vai além da técnica. Buscamos desenvolver a autonomia, a criatividade e a autoestima de cada participante, mostrando que a costura é um caminho tanto para a produção de peças únicas quanto para geração de renda”, destaca.

O resultado é um processo completo de criação, do risco no papel à peça finalizada, com acabamento e identidade própria. A modelagem, o corte e a costura ensinados unem tradição e inovação, fazendo de cada participante não apenas um executor de técnicas, mas um criador de possibilidades.

Criatividade e técnica
Conforme Astrid, nos cursos de confecção básica do vestuário, por exemplo, a criatividade e a técnica são trabalhadas de forma integrada. A técnica garante a base necessária para a execução correta das etapas, desde a modelagem, o corte e a costura até o acabamento das peças. Já a criatividade abre espaço para a experimentação, a escolha de cores, tecidos, combinações e a transformação de ideias em produtos únicos.

“O processo de aprimoramento ocorre de maneira gradual: as participantes aprendem a dominar os fundamentos técnicos, adquirindo segurança na costura, no uso da máquina de costura e nos procedimentos básicos de modelagem e corte. Em seguida, são incentivadas a explorar possibilidades criativas, desenvolvendo soluções próprias, adaptando moldes e aplicando estilos pessoais”, revela.

Ao longo do curso, a prática contínua permite que técnica e criatividade se fortaleçam mutuamente, resultando em peças de vestuário cada vez mais bem elaboradas e originais.

“Esse equilíbrio promove não apenas a evolução do aprendizado, mas também o fortalecimento da autoestima e da autonomia das participantes, que passam a perceber-se como criadoras capazes de transformar tecidos em vestuário com identidade própria.”

Capacitações são marcadas por dedicação e superação das participantes
A instrutora afirma que os cursos de costura oferecidos pelo Senar-RS têm alcançado um público diversificado, composto majoritariamente por mulheres de diferentes faixas etárias. Participam jovens interessadas em adquirir conhecimentos básicos de corte, modelagem e costura, bem como mulheres adultas e idosas que buscam aprimorar habilidades já existentes ou iniciar uma nova atividade.

Grande parte das participantes é moradora de áreas rurais e comunidades do interior, muitas delas donas de casa, agricultoras ou trabalhadoras, que veem na costura uma oportunidade de complementar a renda familiar, produzir peças para uso próprio e, em alguns casos, iniciar pequenos empreendimentos.

O aspecto mais gratificante nos cursos, principalmente nos de confecção básica do vestuário, é acompanhar a evolução das participantes. “Desde os primeiros contatos com a máquina de costura e a insegurança inicial até a realização da primeira peça concluída, observa-se um processo de transformação marcado por dedicação e superação.”

Outro ponto de destaque, conforme a instrutora, é a troca de experiências entre as participantes, que enriquece as aulas e cria um ambiente de colaboração e apoio mútuo. “É motivador perceber como o aprendizado adquirido se reflete em aumento da autoestima, valorização pessoal e abertura de novas possibilidades de geração de renda. Esses elementos tornam o curso não apenas uma formação técnica, mas também uma oportunidade de desenvolvimento humano e social.”

Resgate da confecção e das máquinas de costura
A profissional acrescenta a importância do resgate da confecção e das máquinas de costura. “A produção das peças por nossas mães e avós - atividade que se perdeu com a indústria da moda - e o resgate das máquinas de costura guardadas no fundo do baú constituem um aspecto significativo dos cursos. Essa prática valoriza tradições e memórias familiares, ao mesmo tempo em que possibilita às participantes desenvolver habilidades técnicas, criatividade e autonomia.

Além disso, o aproveitamento dessas máquinas históricas reforça a sustentabilidade e a economia de recursos, promovendo a confecção de peças com qualidade e identidade própria. “Dessa forma, o resgate une passado e presente, consolidando a costura como uma atividade relevante tanto para o fortalecimento da cultura local quanto para a geração de oportunidades de renda”, finaliza Astrid.

Interessados em participar dos cursos do Senar-RS devem procurar o Sindicato Rural de seu município ou região.


Texto: Assessoria de comunicação Unitec
Jaqueline Peripolli / Jornalista MTE 16.999
Fotos: Divulgação