Por Ari Luiz Benedetti, engenheiro agrônomo associado da Unitec
A safra do plantio de milho 2020/2021, com a incidência da estiagem (La Niña), sofreu grandes perdas com a cultura pela baixa produção de massa e grãos devido a carência de chuvas regulares em praticamente todo o do Rio grande do Sul.
A escassez de chuvas atingiu todo o plantio da primeira safra, com lavouras de milho de baixo porte, poucas espigas e baixíssima produtividade de massa por hectare. Segundo previsões meteorológicas, haverá regularidade de chuvas a partir de dezembro, favorecendo o plantio da safrinha, que pode ocorrer nos meses de dezembro até a primeira quinzena de fevereiro, ou podendo se estender um pouco mais tarde (fim de fevereiro) nas áreas com cultivo de soja com variedades superprecoces.
A ensilagem de um material com baixo teor de açúcar compromete a fermentação e a conservação, necessitando a adição de produtos no momento em que for realizada a operação de corte ou após o descarrecamento do material, visando acelerar e potencializar a fermentação. Lembrando que a silagem de qualquer forrageira se conserva pela baixa acidez, oriunda da fermentação do açúcar disponível na massa verde ensilada pelas bactérias especificas.
A produção de ácidos depende da quantidade de açúcar disponível e a velocidade de fermentação, que ocorre na primeira semana, e também é influenciada pela população de bactérias existente. Para esta situação de milho de baixa qualidade, recomenda-se a adição:
- de 0,7 a 1% de açúcares na proporção de matéria seca ensilada. Isto representa de 2 a 3 quilos de açúcar por tonelada de massa verde, a ser aplicada a cada camada de 20 cm em semeadura a seco ou calda (50% açúcar + 50% de água) adicionando com regador;
- inoculantes contendo bactérias específicas (Lactobacillus pantarum e Estreptococos faecium) na dosagem recomendada pelo fabricante, visando acelerar o processo de fermentação e conservação do material ensilado. O inoculante pode ser aplicado durante o corte com instalação de dosador no trator/ensiladeira ou pulverizando a cada camada de silagem descarregada no silo.
Apenas a aplicação de inoculantes é insuficiente, sendo que o açúcar é indispensável neste processo. Este tratamento melhora a fermentação e produção de ácidos (láctico, acético e butírico) responsáveis pela conservação, elevação da energia, melhoria da palatabilidade e estabilidade do material, evitando-se perdas por deterioração.
O processo de fermentação, que ocorre em duas semanas, necessita de condições ideais de armazenamento, além dos aditivos citados, como o corte deve ocorrer com ensiladeiras com facas bem afiadas e conta facas ajustadas, compactação eficiente e boa vedação das lonas com camada de terra em toda a superfície ou pelo menos uma camalhão de terra na transversal do silo a cada 1,6 a 2 metros para evitar a entrada de ar em toda a extensão do silo após abertura da lona.