Garantir a qualidade do leite, desde a ordenha até a chegada à indústria, é essencial para a segurança alimentar e para a valorização do produto. Com o objetivo de orientar transportadores sobre procedimentos corretos que asseguram a integridade e a qualidade do alimento, o Senar-RS oferece a consultoria Boas Práticas de Coleta e Transporte de Leite.

A atividade é desenvolvida pelo associado Tarso Quedi Palma, engenheiro agrônomo residente em Palmeira das Missões. Ele explica que o trabalho é realizado com transportadores de leite vinculados a laticínios.

A capacitação, com carga horária de oito horas, é teórico-prática. “Na teoria, abrangemos todas as etapas de como coletar e transportar o leite, seguindo as normas das Instruções Normativas 76 e 77. Na prática, observamos o resultado de uma amostra por meio do teste do Alizarol (análise para verificar se o leite está normal, ácido ou alcalino)”, explica Tarso.

Desafios dos transportadores
Conforme Tarso, os transportadores de leite têm um papel fundamental na manutenção da qualidade do produto desde a fazenda até o laticínio. E os desafios são muitos, tanto técnicos quanto relacionados à gestão e ao cumprimento das normas sanitárias.

Um dos principais é a manutenção da cadeia do frio. “O leite precisa ser mantido a temperaturas de 2ºC a 4ºC desde a coleta até a chegada ao laticínio. Demoras no percurso, atrasos nas coletas e falta de monitoramento da temperatura aumentam a contagem bacteriana e o risco de rejeição do leite.”

Outro aspecto é a higienização dos tanques e equipamentos. Limpeza inadequada pode causar contaminações cruzadas. Os transportadores devem manter rotinas rigorosas de limpeza e sanitização e conhecer os produtos de limpeza alcalinos, ácidos e sanitizantes utilizados.

O setor também exige rastreabilidade do leite, como origem, produtor, horário de coleta, temperatura e amostras. Assim, é necessário que os profissionais se adaptem à digitalização para garantir registros confiáveis.

Rotas longas e estradas em más condições são desafios frequentes. Por isso, é importante manter regularidade no horário de chegada às propriedades.

O associado da Unitec destaca que muitos problemas ocorrem durante a coleta das amostras, como falta de homogeneização do leite antes da coleta, uso de frascos ou conservantes inadequados e transporte de amostras fora da temperatura ideal.

Segundo a normativa, os transportadores devem participar de, no mínimo, duas capacitações por ano.

‘O transportador é um agente de qualidade do leite, representando a empresa diante do produtor e do laticínio’
Para Tarso, o transportador não é apenas um motorista. Ele é um agente de qualidade do leite, representando a empresa diante do produtor e do laticínio. Por isso, deve compreender os requisitos de qualidade, higiene e conservação, operar corretamente mangueiras, bombas e termômetros, dominar os procedimentos de coleta de amostras, saber agir diante de imprevistos e prezar pela pontualidade e pela do leite.

Também é essencial que atue com honestidade e transparência, mantenha boa comunicação e tenha postura cordial. Além disso, deve apresentar-se com uniformes limpos, manter boa higiene pessoal, realizar a lavagem correta dos utensílios e zelar pela qualidade do produto.

“A importância dos transportadores dentro da cadeia leiteira é tão grande quanto a do produtor. De nada adianta o produtor trabalhar corretamente para garantir a qualidade do leite se o transportador realizar a coleta de forma inadequada”, afirma.

Ao finalizar, o profissional destaca que a qualidade desejada pelo consumidor depende do “Tripé da Qualidade do Leite”: produtor, transportador e indústria. “Todos precisam fazer a sua parte, sempre observando a legislação.”

Engenheiro agrônomo com 43 anos de experiência, Tarso atuou por 20 anos com grãos em cooperativas de produção e, há 23 anos, dedica-se ao setor leiteiro. Integra a Unitec, prestando serviços ao Senar-RS há 12 anos, e é credenciado nas consultorias Manejo da Ordenha e Qualidade do Leite, Nutrição do Gado Leiteiro e Boas Práticas de Coleta e Transporte do Leite. Também atua no Programa Leitec, em consultorias pelo Programa PISA (Produção Integrada em Sistemas Agropecuários) e em consultorias de Ordenha e Qualidade do Leite.

Interessados em participar dos eventos do Senar-RS devem procurar o Sindicato Rural de seu município ou região.


Texto: Assessoria de comunicação Unitec
Jaqueline Peripolli / Jornalista MTE 16.999
Fotos: Divulgação